Estrela no Vazio Entupido

Duas horas. Uma hora e cinquenta e nove minutos. Uma hora e quarenta e nove minutos. Opa. O  relógio do computador esta adiantado. A hora não passa. Eu acordo apressada pra nada. Uma corrida  pra agarrar o vento. Agarrar você que não vai chegar. Facebook. Tormento. Nenhuma das janelas tem você. Você que sou eu. Que é essa fé que algo de bom esta aqui por dentro. Nenhuma delas é você. Uma hora e quarenta e três minutos. O que fazer com tantos segundos? Sinto que minhas sinapses acompanham os ponteiros do relógio e crescem voluptuosamente me causando stress  Sinto veias e fios percorrendo o corpo e sangue e ódio e nervos e nada de flor. E eu sinto minhas mãos correndo e minha mente escorrendo e eu aqui no sofá. Uma hora e  quarenta e um minutos. Uma frase por minuto. Um segundo por uma alma errante. Um erro? Uma maçã na boca de um Adão. Uma maçã na cabeça de um Newton. Já começo o dia bronqueada. Magoa inventada pelo sangue que escorre pelas pernas. Acordo molhada por esse sangue. Derramada em mim, perdida do sono sem sonho, descanso leve . O tempo aqui rodando. As mentiras se repetindo, vivendo na sombra de nós como espectros, como zumbis sem olhos repetindo os movimentos numa dança infinita. E nós na outra sala, compartimentada, acreditando na realidade. Vida, nós, os outros, eu e você. Eu e eu!  é tudo que há.  É essa tensão que me chupa as veias pra dentro do corpo e se derrama tremendo em tudo que se esvai, que não volta mais, se escorre de mim pra mim, meus segredos. Uma alma e um pedido de socorro. Socorro e fé. Sempre que se pede ajuda se manifesta a fé, a fé de que há um outro eu perdido por algum lugar de mim. O que é mim? Minimamente eu, minimamente o que eu posso ser no presente. Pra cada pessoa uma pergunta, pra cada pergunta uma reticência  Pra cada reticência um silencio. Pra cada silencio uma dança. Pra cada dança uma semente. Pra cada semente uma vida. Pra cada vida uma pergunta. Pra cada resposta um não. Pra cada não um novo começo. Uma hora e trinta e quatro minutos. Não vou te ver mas eu vou ver outro que é você também e essa esquizofrenia não tem fim. 

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