Estrela no Vazio Entupido

Monogâmia



Uma coisa que não tem começo. Essa explicação que não tem porque não. É invasão de um horizonte que quase se pode tocar com as mãos, feito um domingo que se auto representa. Palavras que querem ser. Quase solidão.

Uma parte da questão se resolve, outra se envolve. Palavras se chamam, anunciam, reclamam ...

Entre tanta gente tão sozinha. É o que alguma parte de mim mesma pensa.
A mesma que se pergunta "o que eu fiz de errado". Sofro de amor, eu sei. E tem a outra parte que pensa: "será assim que nascem os assassinos?"

Já disse que meu amor ainda é cristão. Eu não mataria ninguém.

Outra afirmação que dá as caras na sequencia é: o fim de todas as coisas é acabar e se torna redundante dizer que qualquer coisa tem seu fim.

Armada até os dentes. 
Não ta adiantando escrever. Saudade, falta...vazio. 
Tem nome, tem corpo, tem até apelido. E não é saudade. É vontade. Desejo. Anseio. É meu corpo que se perde. As palavras que se prendem não são suficiente. 
De repente o cheiro e o gosto me invadem. Me pedem: vá se abandone, Dama, viva. Quem tem corpo tem que ter coragem. Sua presença se apresenta e me confunde. Me tira daqui. 
Trago o que tá por dentro, tencionando os músculos, tornando os passos rápidos e pesados, olhos cansados buscando uma paisagem vazia. 
Não escrever não vai fazer a dor passar. 

Tem sempre um encontro, as ruas são as mesmas desde que isso aqui se formou. Há um comprimento, um olá e um sorriso amarelo.E há sempre essa parte de mim que foge ao abraço e tem a outra parte que procura por você nessas ruas repetidas, nos halls de entrada, nos bares da cidade. Procura, acha e desvia. Cada resposta é como um golpe sem esquiva. Quem perdeu fui eu, mas não é essa a questão: perder ou ganhar. O lance é que eu tomei algumas decisões, disse um milhão de coisas e não sei se concordo com todas elas, mas o dito tá dito e não pode ser revogado com mais palavras.Tudo que existe é ação. 
Vocês estão vivendo sua vida juntos e sorrindo com sinceridade, caminhando abraçados, não, saltitando pelas esquinas. Os conselhos que recebi foram errados e talvez eu tenha dito mais coisas na busca de preencher o vazio das perguntas do que trazendo qualquer resposta.Aquilo tudo estava ridículo.
É nessas horas que a gente deve voltar pra casa e ser forte pra se olhar no espelho.

“Aguentar a barra de ser quem tu és”.

Elas, sempre elas, elas sabem mais de mim do que eu mesma.Ouço coisas como um mantra no ouvido: “vai, continua lá então escrevendo sobre solidão, sobre não saber quem você é, é mais fácil”.  Disse que sairia. 
Meia saída não é nem entrada. Tenho que acabar com isso.
Não quero mais ter noticias de vocês, não quero mais ouvir o som de sua voz, não quero olhar nos olhos, não quero saber o comprimento do seu cabelo.
Eu to ficando com ódio do mundo! 
Eu to ficando repetida. Nunca vão saber o tamanho da ferida. 
Ficou tudo assim cinza e enfumaçado e eu não consigo destapar os olhos, nem sentir nada que não seja “eu não faço parte disso”. 
E tudo tem mania de ser tão simples, no final acaba sendo tão ridículo. 
No dia em que você foi  embora eu fiquei com raiva por não ter feito de tudo pra gente ficar  junto, mesmo que não fosse só a gente...

“quem não te conhece que te compre”. 

E você disse que era eu quem arranjava o problema. Seria simples, hoje ela, talvez amanhã eu. Eu repetia, suavemente: me ensina me, me fascina. Me dá um pouco do seu tempo. Exclusivo. Não precisa de muito, mas tem que ser nosso e só. Me ensina? Me aprende em mim? 

Aprendi sim!  Egozista! 
Aquele que goza com o próprio ego. É isso. Não sei se me conheço ou se me esqueço.

Vai vivendo, minha filha, vai vivendo. 

Eu to sofrendo...Sei que vou sentir saudades e essa saudade vai se transformar... Tanta crise, tanta confusão pra entender que a merda toda já tava aí antes da gente e que a gente que veio, foi mesmo pra  fazer a diferença e assumir as consequências dessa transformação. A força ta naquele que acredita e se junta, se joga.Te olhar nos olhos me fez ver coisas desse tipo. 

Agora to sentido os (de)efeitos de um passado bem próximo e apressando o futuro. É assim que a humanidade sofre, sem desculpa ou justificação. Ser mulher tem dessas coisas, dessas faltas, dessa vontade sem nome, ou com sobrenome e tudo mais, essa coisa de amor pra dar. Menos né, nem tão amor assim.
Ou é?
O sexo...
Uma transa como um momento de devoção e louvor ao corpo, a matéria que forma a alma...é assim que se cura. 
Aqui só tem um monte de palavras enfeitando os sentimentos e eu gosto de escrever. Palavra também é ação. Pelo menos é o que eu quero acreditar.
Espero que quando a gente se encontrar eu já tenha me libertado das mentiras que o mundo me conta!