Estrela no Vazio Entupido

...

Coloca a mão no meu peito. No centro.
Te vira, me encosta, me senti.
 Entra no jogo, esparramada , eu te alcanço.
Me sente? Sou ponta  que te toca a pele. Ouriço.
 Te sinto força. Há tanta coisa fora dessa resistência. Te espero em reticência.
Te acordo no meio da noite pra dizer 
- Vem comigo!
Foi
Calcinha verde
Água doce, embriagada
Foi
Meia-taça
Enxurrada
Gole-golpe, estrada
Te sinto longitude
Meu corpo-espinho
Gruda e apaga

é...

Madrugada dessas, eu no meio de dois brothers, o violão de lado esperando o tom, caneta e papel fazendo a roda. Saiu isso aqui...seja lá o que for...achei legal.

As pessoas devem fazer sexo
o resto é dinheiro
Mas o dinheiro
trás o sexo
e um beque, fazendo um favor...
ninguém gosta de ninguém
apenas tem medo de gostar de todas
somos perdedores no que sentimos mas ganhamos no que somos
nos encontrando naquilo que te tomam
engomam ou  que te entorna
diluí devagar...
Quando acabar a bebida e o cigarro
todo mundo volta a ser normal...
podendo sentir o amor ou a
raiva dentro de si...
a liberdade querendo viver
dentro do peito, que se sufoca
com a dor
amor
quem vai saber
doer, sentir
foder
viver
vai saber
um copo
eu, você
eu , você, todos...
Quem escolhe, quem é escolhido
não é um qualquer
mas um que se sente vontade.

Oração do Pássaro

Não entendo o motivo, mas sei que ouve um tempo em que os militares sentiam um prazer doentio em torturar gente que queria vida mais do que exestência pacífica, e o mais louco de tudo é que até os padres entraram nessa de "inimigos da nação", entre eles o Frei Betto.



Oração do Pássaro - Frei Betto

Senhor, tornai-me louco, irremediavelmente louco
Como os poetas sem palavras para os seus poemas,
As mulheres possuídas pelo amor proibido,
Os suicidas repletos de coragem perante o medo de viver,
Os amantes que fazem do corpo a explosão da alma.

Dai-me, Senhor, o dom fascinante da loucura
Impregnado na face miserável do pobre de Assis,
Contido nos filmes dionisíacos de Fellini,
Resplandecente nas telas policrômicas de Van Gogh,
Presente na luta inglória de Lampião.

Quero a loucura explosiva, sem a amargura
Da razão ética das pessoas saciadas à noite pela TV,
Da satisfação dos funcionários fabricantes de relatórios,
Dos deveres dos padres vazios de amor,
Dos discursos políticos cegos ao futuro.

Fazei de mim, Senhor, um louco
Embriagado pelo vosso amor,
Marginalizado do rol dos homens sérios,
Para poder aprender a ciência do povo
Em núpcias com a Cruz que só a Fé entende
Como um louco a outro louco