tem dias que as pessoas me incomodam. dias em que a presença de outros seres me condena, me reprime. tem dias que eu tenho medo do mundo e do futuro.
saí de casa armada. uma ponta acesa na chuva e muitas dores. conclusões precipitadas e outras nem tanto. eu estava pronta a desprezar qualquer olhar. estou ficando feia. uma carcaça me envolve e me endurece. estou ficando cansada as seis da tarde.
saí, com meu guarda chuva de balas aberto, assim, todo furado das bombas que ele já tem levado. hoje não estava tão frio. mas aquele lugar ainda assim é sombrio e cinza demais no que me diz respeito. eu mesma sou falsamente sóbria e algo me sobra como eu nem imagino. os medos atormentam mas os monstros ainda são moinhos de vento e eu urjo! quase uivo! acho que ainda cabe meus tormentos. eu só fico imaginando se é preciso mesmo me salvar.