Certas coisas são certeiras mesmo. como esse vazio que insiste em ser só, solidão. há um aperto, que não é bem aperto, é mais um suspiro no peito, um frio, buraco, como se corresse um vento que o cortasse bem ao meio, bem no centro, vai e volta, um frio, um vazio e um negro. que poderia ser branco porque é mais uma mistura de tudo, de coisas que vem e não se sabe ao certo o que podem ser. então vem lágrimas, mas não caem. são como pedras que encobrem os olhos, fixando eles num espaço horizonte vazio, cotando o tempo e o espaço além de mim. se me perguntarem o motivo eu não saberia dizer, droga. não tem nada de nada, só um copo de lembrança. é quando penso nela que a água vem e rola, e pinga no corpo. e eu já não tenho palavra que me represente, porque de vez em quando acontece essa dor. ela surge em sonho e sugere que o dia seja passado em branco, assim vazio e entupido de tudo. escreveria como quem pinta um quadro surrealista, se eu soubesse como. mas não, escrevo apenas. inauguro novas linhas repetindo as velhas historias e nada demais. só o que me gasta o coração, assim fazendo ele saber que existe. e ta cansado, mas ta só começando. logo mais ele volta, revolta, se insinua e dança novamente como se soubesse do mudo, como se o mundo fosse só saliva, sangue e suor.
*escrito em algum lugar do passado, que sempre se faz presente.