Estrela no Vazio Entupido
mãe
Envelheci dez anos com um diploma na mão. Criei prisões em nome da palavra filha. Envelheço dez anos em uma semana. Passeio de mãos dadas com os desafios. Enfrento, idealizo, danço, me canso, me arranco e me dispo. Me amo e me persigo. Envelheço dez anos em segundos. Remoço na corrida. Reencontro no meu útero o umbigo que me deixou no mundo. Me reconstruo e me desatino. Ando. Horizonte de mim, oriente de si, de ser, de sentir. De imaginar. Intensão de sim. Há alguma gravidade no não. Há qualquer liberdade no sim. Desprender. Desapegar. Responder com consiencia. Sim pro destino. Sim a Deus. Sim a nova vida. Dez anos se passaram. Dez anos sem entender. Dez anos sem falar o nome dela. E agora aqui, no meu útero, oxigênio, sem lembrança. Apenas mulher. Apenas ser. Conexão. Meu rosto que envelhece e minha alma que te busca, mãe. E sabe que não há colo que aconchegue. Que não há barriga que seja casa. Há o mundo, há aqui fora. Há realidade. Há um buraco no centro de mim que chama o universo pra dentro de si.
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