Estrela no Vazio Entupido
O espelho nos dá esta sensação mágica de, subitamente, tomar consiência de si mesmo. É o momemnto que você se encontra com o que você representa para o mundo. "Ah, então é assim que eu sou." Repare que em frente do espelho a gente sempre faz uma careta. É porque achamos que somos diferentes daquilo que realmente somos. Então, a prícipio, naõ acreditamos muito naquela imagem. Até achamos graça. Depois a examinamos direito, e viramos de perfil, de costas, mexemos o cabelo e dizemos: "olá, como vai?" Espelho sempre foi uma coisa importante na minha vida. Eu adoro me ver num espelho, apesar de sentir certa vergonha se houver outra pessoa do lado. . Em banheiro de rodoviária, por exemplo, sempre finjo que estou espremendo uma espinha, quando quero me olhar por mais tempo no espelho. Sempre que vou a uma festa e estou bêbado ou chapado, me tranco no banheiro e fico horas me cagando de rir na frente de um espelho: "olha lá você, safado. Está doidão".
de: Feliz Ano Velho- Marcelo Rubens Piva
a favor da minha cabeça
Ando pensando demais, indignada de muito e sei que vocês também. o mundo está meio assim assado, complicado nos deixando instigado! ando sabendo que a gente tem que comunicar com a nossa aldeia. de algum modo e sem muita escolha a gente faz parte do que nos rodeia. não somos os mesmos, mas estamos no mesmo espaço, terra, TERRITÓRIO . falando nisso, fiquei indignada por terem cortado uma Figueira que ficava próxima ali da entrada pra facul...além de ser uma VIDA, ela também compunha a nossa paisagem, principalmente de gente que vai pra faculdade todos os dias...faz uma falta danada. (DÁ NADA?). nossa paisagem tá mudando. o sol tá cada vez mais torrando e as generosas árvores cedendo lugar para condomínios (com - domínios) e mais prédios pra abrigar confortavelmente os novos estudantes da tal cidade universitária. E a gente não vai fazer nada? pra mim isso é patrimônio vivo (patrimônio vivo? meio nacionalista?) . o nosso verde-vida precisa estar enraizado pra ser respeitado, precisa se transformar em cultura e pra isso uma das coisas que tem que acontecer é ele ser representado , através da musica, do teatro, do desenho, da poesia...sei lá...através das coisas que a gente gosta de fazer. não só as arvores, mas outras vidas precisam de mais respeito, como as vacas e porcos, só pra dar um exemplo...a gente que faz parte da tal resistência precisa representar para fazer imaginar. refletir o quanto as pessoas são cruéis e ridículos por ignorar diferentes fatos e mortes que essa cultura, ou mono-cultura engrandece...minha cabeça tá fervendo e outras estão rolando por aí... tudo que a gente precisa é agir, ocupar nosso tempo com ação não só com reflexão e dar um chacoalhão no mundo que nos cerca. ando aprendendo que não posso ser ignorante com o mundo. achar que eu não faço parte do esquema só por não concordar com ele não ajuda em muita coisa. o que ajuda é estar em movimento, criar a dança! comunicar com o que nos entorna! expressar... e de repente a nossa contra-cultura transforme a tal cultura e a gente tenha novas duvidas e outras indgnações pra botar pra rua.
Hoje Sou vogal ao tom de Ah.
Cansada dessa melancolia, dessa falta de amor próprio, ou excesso dele. Eu sou uma fracassada, você é um fracassado. Nós somos irmãos. Façamos da nossa vida um circo e espanto, reduzimos o desprezível ao seu lugar: no riso que nos faz e desfaz em caras retorcidas e disformes. Esperamos insaciados a ação do tempo que nos mata pra nada.
“Você escreve bem explicadinho” precisava mesmo era de fúria e febre.
Eu não caibo aqui nesse canto do quarto. Pernas trançadas, cadeira de lado, encosta, empurra. Papeis abandonados. Lençol enfumaçado...eu não me caibo nesse canto quadrado. Não caibo aqui entre palavras enroladas consoantes.
Eu assumo,mas e daí?
Faz tanto tempo não é? Talvez as palavras não demonstrem o que eu tenho sentido ou vivido. Também não tenho certeza se o que passou é importante, pra mim ou pra você. O tempo talvez sirva exatamente pra mostrar o que importa.
Ha pouco lembrei do personagem do filme Superoutro que dizia: “eu não quero saber de tudo não, se eu souber de tudo não vai ter mais nada pra eu saber”... e eu diria: eu não quero saber quem eu sou não... mas esse pensamento tem me tirado a paz. Não sei se me conheço ou se me esqueço. Estou a me procurar, me crio, ao mesmo tempo, me engano. Não existe segredo, mas eu vou continuar procurando.
Às vezes me sinto um parasita, que invade a alma das pessoas e suga o que elas são, um inseto de olhos grandes e faminto de vida...Ouvi que eu não percebo o outro, apesar de sempre dizer que entendo esse tal outro. Me disseram que é como se eu ouvisse ou percebesse só aquilo que me serve, o que me agrada, ou o que me aproxima do segredo fantasma e que me faço de desentendida pra não ter que dar uma resposta ou tomar uma atitude.
Aquilo que eu chamaria de distanciamento e compreensão era o que eu achava ser a minha maior qualidade. Hoje, essa mania de analisar as pessoas e fatos, o tal "entender" tem me tornado arrogante. É como se eu tivesse formulas pra sentir as pessoas, colocando elas numa lógica de causas e efeitos inventados pelas minhas paranoias. Isso não é sentir, o que dá a razão pra quem falou que eu não percebo os outros. Eu queria muito que essa pessoa estivesse mentindo. Mas quem mente pra mim mesma sou eu.
Viver é se envolver.
Não sinto tristeza. Não sinto quase nada e isso é muito ruim. Me sinto como um ex-drogado que esta na fase final da clinica, a fase de voltar pra casa. Hora de encontrar as pessoas “que te amam de verdade”. Um ex-dependente voltando pro seio familiar. Não sinto nada, nem vontade de aproveitar a droga de novo. Essa sensação de recomeçar... É diferente. Eu recomeço com a sensação de ter errado. Mas talvez se não errasse não teria que recomeçar e tudo ficaria na mesma. Mudar não é a solução, aceitar também não. O melhor seria se tudo que eu vivi, criei e senti tivesse me aproximado mais de mim, do que eu sou, daquilo que me faz única e que me fizesse ter um sentido no mundo.Mas eu sei lá o que aconteceu...
Então, não é bem recomeço, eu ainda to aqui na casa do meu pai, ainda não tenho trabalho, não tenho profissão, não terminei a faculdade, não sei quem eu sou...nada de novo.
Tem muita coisa mal resolvida aqui dentro deixando as coisas obscuras, culpa do medo. Medo de conhecer quem eu sou e não ter mais nada pra saber.
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